Invasão de privacidade - Spam

tipo: Documentos
publicado em: 01 de fevereiro de 2002
por: Raphael Mandarino Jr.
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Há propostas para acabar com a praga, mas por enquanto ela persiste

Raphael Mandarino
Presidente da Associação Nacional dos Usuários de Internet (Anui) e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil

Uma praga que ameaça nossa privacidade é o tal de spam, diariamente minha lista de e-mails indesejáveis cresce. São chatos que insistem em me vender coisas legais ou ilegais e o que é pior, tentando me fazer de bobo.

Há algum tempo tem circulado anexo às mensagens destes chatos um texto mais ou menos assim: "Esta mensagem é enviada com a complacência da nova legislação sobre correio eletrônico, Seção 301, Parágrafo (a) (2) (c) Decreto S. 1618, Título Terceiro aprovado pelo 105 Congresso Base das Normativas Internacionais sobre o SPAM". Este E-mail não poderá ser considerado SPAM quando inclua uma forma de ser removido. Caso não queira mais receber nossas mensagens responda este e-mail informando no Assunto a palavra excluir ", o que é uma grande MENTIRA: esta Legislação não existe no Brasil! Foi um lobby das agências de propaganda dos Estados Unidos e não se aplica aqui. Nem tudo que serve para lá deve servir para aqui.

A melhor defesa para esta praga continua sendo:

1 - bloqueie o remetente para que não chegue outros lixos dele;

2 - Nunca responda um SPAM, nem mesmo a tal opção de excluir. Estas relações de e-mails que circulam com os spam´s são capturadas em Listas e os vigaristas que as vendem não têm certeza de que os endereços realmente existam. Quando você os responde, eles passam a ter a confirmação de que o seu endereço eletrônico é válido, e é isso que eles tanto querem. Depois disso nunca mais você ficará livre;

3 - Nunca compre nada que seja oferecido por um SPAM. Esta é a melhor punição a quem não te respeita. Nenhuma empresa séria manda SPAM. Algumas já incorreram em erros no passado e os arranhões em sua credibilidade os fizeram aprender e alertaram o mercado de que esta prática é repudiada pelos internautas.

Sou contra o spam e o motivo é muito simples não quero ser obrigado a arcar com o ônus financeiro pois sou eu que pago minha conexão, espaço em disco, tempo de processamento e de acesso, e nem a perda de tempo de limpar minha caixa de mensagem do lixo.

O spam está em discussão por todo o mundo web e não há ainda em qualquer parte uma solução definitiva, mas estão aparecendo boas propostas. Uma delas, já em ampla utilização por empresas sérias, é a de só remeter e-mails com mensagens de propaganda para usuários que as autorizarem previamente.

Outra proposta, sem autor definido, mas que está aparecendo muito nas listas de discussão e em artigos especializados, é a remuneração aos usuários que aceitarem receber correspondências eletrônicas de propaganda. A idéia está causando uma enorme "chiadeira" por parte das agências de propaganda, que não querem perder nem um níquel em seu faturamento.

A discussão desta idéia esta centrada no seguinte ponto: os anunciantes ao que parece, não se importam em pagar; querem ter certeza que atingirão ao público certo e não aqueles que resolverem "ganhar algum" lendo propaganda e que este pagamento não represente maiores custos em outras palavras as agências devem abrir mão de parte de seus lucros.

Para o primeiro problema há várias propostas que deixam a critério dos usuários cadastrarem seus perfis de consumo ou seus interesses, ou que permitam que empresas de cartões de crédito ou bancos o façam para que, baseados nestes cadastros, os anunciantes definam seu público-alvo e façam propostas de remuneração por propaganda efetivamente lida (há meios técnicos para garantir que a mensagem foi lida).

Uma proposta um pouco mais arrojada é a de regulamentar um valor mínimo de remuneração por propaganda e que o usuário possa, a seu próprio arbítrio, aceitar a remuneração ou dispensá-la se achar a propaganda de seu interesse.

Uma outra na mesma linha e completando a idéia anterior, é a que defende o simples bloqueio pelo usuário das mensagens futuras, ou que ele estipule seu próprio valor mínimo para receber pela propaganda, de um determinado produto ou anunciante. As agências ao tomarem conhecimento do perfil e do valor estipulado por aquele usuário remetem ou não sua propaganda eletrônica.

Em resumo: as propostas caminham para o uso intensivo da tecnologia assegurando a melhor forma de unir anunciantes e clientes deixando ao usuário a decisão de receber ou não informações não solicitadas e a critério dele, ser remunerado ou não por isso. Quanto à parte das agências abrirem mão de parte de seus lucros...